Fita Azul: navegando em solitário no Aventureiro 4, Hans Hutzler vence Refeno 2022

Ao completar 50 anos em 2022, o velejador pernambucano Hans Hutzler se desafiou ao decidir encarar a missão de realizar em solitário a travessia da 33ª edição da Regata Internacional Recife Fernando de Noronha (Refeno). O prêmio da aventura veio da melhor forma possível: a bordo do Aventureiro 4 (nome mais propício não haveria), foi o primeiro a cruzar o Mirante do Boldró na noite deste domingo (25/09) - já depois das 23h (horário local) e 22h (do Recife) -, consequentemente sendo o Fita Azul da Refeno 2022. O veleiro completou as 300 milhas náuticas (560 km) até o arquipélago de Fernando de Noronha em 32 horas, 49 minutos e 56 segundos. O percurso foi realizado em um tempo maior do que o previsto em virtude da fraca intensidade dos ventos. A vitória teve até repercussão internacional. 

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A partida, com 81 embarcações, ocorreu no começo da tarde de sábado (24/09), do Marco Zero do Recife. A disputa pela segunda colocação segue acirrada madrugada adentro entre o Jahu 2 (BA) e o Boto (SP).



Nunca um velejador solitário se lançou no desafio de fazer uma Refeno num barco tão grande, de 51 pés (mais de 15 metros).  Somente quatro outros velejadores fizeram essa regata solo: Carlos Portela, no Delta 26 Glasnost II em 1996; Izabel Pimentel, a bordo de um Mini Transat – 21 pés em 2008; Kan Chuh, também a bordo de um Mini Transat – 21 pés em 2012; além de Carlos Bianco Fernandez, no Winsdom – 28 pés em 2016 e 2019.

O Aventureiro 4 quebra também uma hegemonia de dois barcos que já durava sete anos. De 2014 a 2017, o Fita Azul foi o Camiranga (RS); já as últimas três edições (2018, 2019 e 2021) foram dominadas pelo Patoruzú (PE) - em 2020 não houve regata em virtude da pandemia de Covid-19.

Falando no Patoruzú, que era o grande favorito ao tetra, o trimarã do comandante Carlito Moura passou seis horas à deriva em virtude do rompimento do cabo de aço que une as estruturas dos cascos. Outro que teve problema foi o Benevento (PR), do comandante italiano Ermenegildo Ignelzi, que teve que seguir para o Iate Clube da Paraíba, em Cabedelo/PB, ao ter rasgada a vela mestra.  

PRESENTE DOS SONHOS

Vencer a Regata Recife Fernando de Noronha é o presente dos sonhos de Hans Hutzler, que surpreendeu muita gente quando anunciou sua ideia de correr a Refeno 2022 em solitário. Isso porque o Aventureiro 4 foi trazido navegando da França em 2020 por Hans, sua esposa Karina, o filho Felipe (na época com 8 anos) e os amigos Rafael Chiara e Paulo Carvalho. Possui uma grande estrutura interna, com geladeira, freezer, ar condicionado, gerador e dessalinizador, por exemplo.  Antes de zarpar, Hans Hutzler tinha evidenciado que o barco oferecia todas as condições de fazer a travessia nessas características. E ele provou que estava certo.



A Regata Internacional Recife Fernando de Noronha foi mais um desempenho positivo do barco. Em 2021, foi Campeão Pernambucano de Veleiros de Oceano na classe dos multicascos e em sua estreia na Refeno, ano passado, chegou menos de 12 minutos depois do Fita Azul, o conterrâneo Patoruzú.

Em julho deste ano, o Aventureiro 4 participou da Semana Internacional de Vela de Ilhabela e foi campeão vencendo todas as seis regatas da classe multicasco. Era a primeira participação de um barco pernambucano naquele que é o maior campeonato de vela de oceano do país e o barco pernambucano tratou de fazer história. Em janeiro deste ano, a família Hutzler zarpou para um ano sabático seguindo do Recife até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Passou oito meses explorando o Sul e parte do Sudeste.
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CALENDÁRIO

E o Aventureiro 4, agora com status de Fita Azul da Refeno, já tem uma nova missão programada. Em novembro, seguirá para a Cidade do Cabo, na África do Sul, para participar da regata transatlântica Cape2Rio (da Cidade do Cabo para o Rio de Janeiro).

Fotos: Tsuey Lan Bizzocchi/Cabanga
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